NOTA OFICIAL – LIESMG
A Liga Independente das Escolas de Samba de Minas Gerais – LIESMG, entidade
representativa das Escolas de Samba Unidos dos Guaranis, Estrela do Vale, Triunfo
Barroco e Mocidade Independente da Pampulha que compõem o desfile de Passarela do
Carnaval de Belo Horizonte, vem a público expressar, de forma contundente, sua
indignação, denúncia e profundo alerta sobre a atual condução do planejamento do
Carnaval 2026 por parte da Belotur.
1. Sete meses de reuniões, nenhuma ação efetiva.
Ao longo dos últimos sete meses, representantes da LIESMG e das Escolas de Samba
têm participado de reuniões com a Belotur buscando construir, conjuntamente, condições
dignas para a realização do Carnaval de Passarela.
Entretanto, nenhuma medida concreta foi tomada pela empresa pública.
Mesmo a aproximadamente 80 dias do início da festa, não há informação oficial,
cronograma, definição de data para liberação da subvenção, diretrizes operacionais,
nem garantias mínimas para o desenvolvimento dos projetos artísticos.
Essa prolongada omissão inviabiliza o trabalho de centenas de profissionais e prejudica
diretamente toda a cadeia produtiva do samba:
• carnavalescos
• aderecistas
• costureiras
• ferreiros
• ritmistas
• intérpretes
• comunidades inteiras que dependem da preparação anual do desfile.
2. O sucateamento atinge, especialmente, uma manifestação protagonizada
por pessoas pretas e periféricas.
É impossível ignorar que o Carnaval de Passarela é uma expressão profundamente
enraizada nas culturas preta, periférica e afro-mineira, construída a partir de
conhecimentos tradicionais, organização comunitária e patrimônio imaterial.
A postura adotada pela Belotur — marcada por indefinição, falta de transparência e
ausência de responsabilidade institucional — configura um processo de
sucateamento que fragiliza justamente o segmento carnavalesco com menor acesso a
recursos privados e maior dependência das políticas públicas.
Esse enfraquecimento não é acidental: ele aprofunda desigualdades, reduz a potência das
Escolas de Samba na cidade e compromete uma manifestação que historicamente sofre
invisibilização, apesar de sua importância cultural, social e turística de Base
comunitária.
3. A Belotur demonstra incapacidade estrutural para gerir o Carnaval de
Passarela.
O modelo atual de governança — centralizado na Belotur — mostra-se insuficiente,
pouco técnico e desconectado das demandas reais da produção do desfile.
Faltam:
• planejamento anual;
• equipe especializada em artes carnavalescas;
• diálogo efetivo;
• definição de políticas de fomento;
• compreensão da dimensão cultural do samba.
A repetição anual das mesmas falhas evidencia que não se trata de um erro pontual, mas
de um problema estrutural de gestão.
4. É necessária a transferência imediata da gestão do Carnaval de Passarela
para a Secretaria Municipal de Cultura.
A LIESMG defende que o desfile das Escolas de Samba seja institucionalmente
realocado para a Secretaria Municipal de Cultura, órgão com missão, estrutura e
diretrizes mais compatíveis com:
• políticas de patrimônio cultural;
• formação artística;
• financiamento à cultura;
• respeito às manifestações tradicionais;
• articulação com o Sistema Municipal de Cultura.
Essa mudança permitiria estabelecer:
• planejamento plurianual,
• editais específicos,
• calendário permanente,
• política de estado, e não apenas de governo.
O carnaval de passarela precisa ser tratado no âmbito que lhe corresponde: a política
cultural, e não apenas a política turística e de eventos.
5. Exigência imediata de respostas e providências.
A LIESMG reitera que é inaceitável que, tão próximo ao Carnaval, não exista definição
sobre a subvenção carnavalesca, recurso essencial para o desenvolvimento das
atividades, como reconhecido no documento oficial.
Reafirmamos que:
Exigimos:
1. Posicionamento público imediato da Belotur sobre a liberação da subvenção.
2. Entrega de um cronograma oficial, detalhado e vinculante.
3. Garantia de infraestrutura mínima para a realização do desfile.
4. Abertura de um processo de transição da gestão do Carnaval de Passarela
para a Secretaria Municipal de Cultura.
6. Compromisso da LIESMG
Permaneceremos vigilantes, atuantes e firmes na defesa:
• das escolas de samba,
• dos profissionais do samba,
• das comunidades periféricas,
• da tradição afro-mineira,
• e do patrimônio cultural representado pelo Carnaval de Passarela de Belo Horizonte.
A cultura das escolas de samba não será silenciada.
A LIESMG não aceitará a continuidade desse processo de enfraquecimento
institucional.